Foto https://br.pinterest.com/

NAI FROSSARD
( Brasil – RIO DE JANEIRO )

Nai Frossard Magalhães nasceu no Rio de Janeiro (Ilha do Governador) 1966. Vive entre o Rio de Janeiro e Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro e Brasília
Formou-se em Jornalismo pela Faculdade Gama Filho, em 1988. Contratada pela sucursal do Jornal do Brasil, em Brasília.
“As minhas poesias são cartas sem respostas. É isso.”

FROSSARD, Nai.  Anáguas no chão. Capa: ilustração de Augusto
Rodrigues.  Prefácio por  Ivan Cavalcanti Proença.  Rio de Janeiro: Oficina do Livro Ed, 1981.  110 p.   
Ex. doação do amigo livreiro BRITO /Brasília.

                        RASGAR EMOÇÕES

Rasgar papéis
Nem sempre significa
Rasgar emoções.

Entretanto, certo é que
Rasgar emoções
Nunca será o mesmo que
Rasgar papéis.

O BANHO

Com água gelada começou
Escorrendo,
Fugindo pelo corpo
E pelo ralo descendo,
Espuma abundante,
Por todos os lados,
Espalhando-se por todas as direções
O tempo não conta
Telúrica: é
Exatamente assim que se sente
Exala perfume,
Transborda no espaço
Sacode os cabelos depois
Soltando-os no ar
Essa lua ensolarada
Vai fazer cometer
Pelo menos,
Outro pecado.

POEMA SEXUAL

Poema sensual
É como ar
Sinto nos suspiros profundos
que me percorrem todos os poros imagináveis.

Faz suar
Baba no chão vazio
e frio
Arrepia
Masturba o pensamento
que pens em despir o ar.
Virar-te no avesso
Cheirar suas partes
Lambem sua costura
Cada nó
Cada só.

Depois te banhar
com minha saliva
E sentir o sabor de cada centímetro
do corpo seu
Que desejo
por alguns minutos
que seja meu.

Ver a carne tremer
Derreter o prazer
E assistir a vida
escorrer quente entre as pernas.
Escutando a respiração
enquanto o sexo pulsa intenso e
silencioso.

QUALQUER NOTA

Quero sorver
cada momento
tormento
faminto.

passar nas curvas
do pensamento
esperando
a esquina
em que passa vento relâmpago
(ou lento?)

tocando nos lábios
assobio cor-de-rosa
calça azul-marinho
meia azul-clara
noite amarela
e peças íntimas listradas
surradas
de tanto tirar e pôr.

De tanto tirar
sem pôr
pudor não entra
espero
dor de ventre
sêmen
semente
você mente?

no ventre
amor vazio
amor sem pólen.

*

VEJA e LEIA outros poetas do RIO DE JANEIRO em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/rio_de_janeiro.html

Página publicada em junho de 2023